Enquanto não publico um top das minhas séries de 2022 (não sou fã de tops anuais, depois explicarei porquê), há uma lista de séries para ver. E o primeiro trimestre do ano (sim, só os primeiros 90 dias!) já nos dão um conjunto simpático de novas séries e regressos. De todas essas estreias, estão aqui as dez em relação às quais estou mais ansioso.

Ninguém me tira da cabeça que o excesso de humidade que temos tido e o bolor que temos nas paredes e em todo o lado é uma activação de The Last of Us. (Foto: HBO Max)

Pedro Pascal regressa ao seu papel de “gajo que vai buscar uma encomenda, que se apercebe que a encomenda é uma criança e que, relutantemente, percorre com ela um caminho cheio de ameaças”. Estou a falar de The Mandalorian ou de The Last of Us?

Zombies que parecem cogumelos

Independentemente do que estiver a falar, Pascal vai estar em altas neste primeiro trimestre. A antecipadíssima adaptação do (formidável) jogo, desenvolvida por Craig Mazin (este é, aliás, o projecto em que tem estado a trabalhar desde Chernobyl), é a grande estreia de Janeiro (na noite de 15 para 16, às 2:00, na HBO Max — em princípio), e tem dado muito bons sinais nos materiais que foi mostrando. A acompanhar Pascal em The Last of Us está Bella Ramsey (uma das revelações de Game of Thrones) e um elenco secundário e convidado de luxo — e que inclui Troy Baker e Ashley Johnson, os actores que deram a voz e o corpo aos personagens de Pascal e Ramsey nos videojogos. O meu único conselho: não se afeiçoem a nenhum personagem.

De galáxia em galáxia

Um mês e meio depois, a 1 de Março, estreia no Disney+ a T3 de The Mandalorian. The Book of Boba Fett deu-nos um interlúdio passável, mas que só aqueceu com o regresso de Din Djarin e Grogu — algo que, ao matar as saudades da série original, afundou ainda mais Boba Fett. Esta é, provavelmente, a melhor produção (ou, pelo menos, a mais consensual entre os fãs) de Star Wars desde que a Disney comprou a Lucasfilm. Com Ahsoka a estrear também em 2023, não me surpreenderia se visse algum tipo de empurrãozinho para a história da nova série. Por agora, só quero voltar ao espaço e perceber como é que Djarin vai conseguir habitar na sua nova nave — imaginem que passavam a vossa vida nómada de uma Citroën Jumper para um Smart Roadster…

(Foto: Karolina Wojtasik/Peacock)

Crime da semana, que conceito!

Criada, escrita e realizada por Rian Johnson (Knives Out, The Last Jedi, Breaking Bad), com um elenco de grandes nomes encabeçado por Natasha Lyonne, Poker Face é um regresso a uma série de “mistério da semana”, com a personagem de Lyonne, que sabe quando as pessoas mentem, a andar pela estrada e a cruzar-se com crimes em cada episódio. Depois de Knives Out no cinema (e na Netflix), espera-se que Johnson traga a sua linguagem de resolução de crimes para a TV. Ainda sem data nem local de estreia em Portugal, estreia no Peacock a 26 de Janeiro com quatro episódios, com os seis restantes lançados semanalmente.

(Foto: Apple TV+)

A Apple TV+ vai começar o ano com três grandes propostas.

Na poltrona ou no divã

A primeira é Shrinking, de Brett Goldstein e Bill Lawrence (ambos vindos do sucesso de Ted Lasso), e também de Jason Segel, co-protagonista da série juntamente com Harrison Ford (que se virou para papéis principais em TV, no último ano). Algum deles será um terapeuta a lidar com o luto e a quebrar barreiras éticas com os seus pacientes. Se Lasso nos ensinou alguma coisa é que uma série pode ser extremamente engraçada e emocionalmente arrasadora. Estreia a 27 de Janeiro com os primeiros dois de dez episódios.

É Lost, mas ao contrário, sem sci-fi, com choradeira

Segue-se Dear Edward, a nova série de Jason Katims (Friday Night Lights, Parenthood), que o reune com Connie Britton (Friday Night Lights) e ainda lhe junta Taylor Schilling (Orange Is The New Black). Vindo de Katims, e apresentando-se como sendo a história da ligação entre entes queridos das vítimas de um acidente de avião na perspectiva de um miúdo de 12 anos, podem tratar já de encomendar as caixas de Kleenex. 3 de Fevereiro, primeiros três de dez episódios. (Foto: Apple TV+)

Banha da cobra

Ainda há Hello Tomorrow! (Sim, com !), que nos dá Billy Crudup e Hank Azaria numa série passada num mundo retro-futurista e sobre um grupo de vendedores porta-a-porta de timeshares… na Lua. Não é preciso dizer mais nada (e a Apple também não diz). 17 de Fevereiro, três de dez episódios. (Foto: Apple TV+)

(E há rumores de que a terceira — e última? — temporada de Ted Lasso chega em Março…)

(Foto: Patrick Wymore/Netflix)

"Olá, Wisconsin!"

A Netflix volta a dar-nos uma continuação de um clássico da TV em That '90s Show. Regressamos a Point Place, no estado do Wisconsin, e à casa dos Forman, o cenário de That ‘70s Show (conhecido por cá, graças à TVI, por Que Loucura de Família, título que a Netflix reutiliza)… mas nos anos 90. O trailer apresentado dá-nos… tudo o que seria expectável? Um elenco de jovens desconhecidos, Kitty (Debra Jo Rupp) e Red (Kurtwood Smith) iguais a si mesmos, cameos dos actores da série original (excepto um, por motivos óbvios), e callbacks para pormenores de realização da série original. Preciso de sitcoms na minha vida, gostei de That ‘70s Show, não tenho medo de sequelas, nem de spin-offs, nem de remakes. Mas, por favor, que não seja That ’80s Show. Estreia a 19 de Janeiro com dez episódios.

(Foto: Starz)

Drink de fim de tarde

Há uns anos, antes do Starz nos dar séries como Boss, Spartacus ou Outlander, Rob Thomas (Veronica Mars) resolveu co-criar outra série que se tornou de culto. Essa série, Party Down, seguia uma equipa de catering composta por actores e outra malta sem emprego na sua área. Ironicamente, o elenco tinha alguns nomes que estavam a ficar muito ocupados com projectos com sucesso (como Adam Scott ou Jane Lynch) e que desapareceram na transição para a T2. A série sofreu com essas saídas e terminou em 2010, sempre com muita especulação dos fãs sobre uma possível continuação ou um filme. Mais de uma década depois, o Starz decide encomendar uma nova temporada, com grande parte do elenco original. A série não se encontra em nenhum serviço de streaming em Portugal, mas vale a pena procurá-la. Estreia a 24 de Fevereiro nos EUA.

Até os canalizadores da Casa Branca usam fato. (Foto: HBO)

Sacanas sem lei

Para além de The Last of Us, a HBO (por cá, a HBO Max) dá-nos mais duas que exigem a nossa atenção. Uma é a sua novela da noite: Succession regressa para a sua quarta temporada, com a possibilidade de ser a penúltima ou até mesmo a última. Com a realidade a imitar a ficção nas últimas semanas, resta ver como a nova temporada irá continuar a história dos McMah… uh, dos Roy. A série estreia “na Primavera”, e, embora não haja uma data exacta confirmada, a expectativa é a de que a série seja elegível para os Emmys — o que significa que, com as novas regras deste ano, terá de ser exibida na totalidade até 31 de Maio. A minha expectativa é que a série estreie no final de Março — mas isso será anunciado a seu tempo.

Sacanas acima da lei

O que vai mesmo estrear em Março (mas que ainda não tem dia) é a mini-série White House Plumbers, sobre a equipa da administração Nixon responsável por evitar fugas de informação e escândalos sobre a presidência — e que, eventualmente, levou a que acontecesse Watergate. A série vem de parte da equipa que nos trouxe Veep (Alex Gregory e Peter Huyck, com David Mandel a realizar) e dá-nos Woody Harrelson, Justin Theroux, Dominhall Gleeson e Lena Headey à cabeça de mais um enorme elenco.

Por que outras séries que estreiam neste período, ou mesmo em 2023, é que estão ansiosamente à espera?

(Uma versão deste texto apareceu na versão newsletter do Já a Seguir. É de borla!)